Tuesday, May 20, 2008

O Burro

Sabe aquela sensação de quando estamos fora, viajando por um bom e longo tempo, e que ao retornar para casa percebemos as mudanças: a poltrona tirada do lugar, o quarto com paredes pintadas, o cachorro (animal) que fugiu de casa, a nossa caixinha de fósforo ficando cada vez mais apertada pra gente? Então, é assim que eu estou me sentindo agora que vejo a missão de estudante- ator chegando ao fim. Me assusta também o número de pessoas alienadas (particularmente jovens ainda em seus inícios de vinte, vinte e um, e dois anos) que existem pelos orkuts, MSNs e twitters da vida, em que a vida se resume a ensaios de bandas de axé, a reggaes e muita " água". E quem disse que isso está errado? Muito pelo contrário. Também isso não é o contrário do certo, é apenas uma possibilidade de querer se viver a vida. Limar , parcialmente ou totalmente, a racionalidade mundana; as obrigações de estar informado sobre os lucros do petróleo, sobre o número de casos " Isabella" que existem por aí e que a mídia não divulga, talvez por não dar a mesma audiência... .E então pra que serve a tal da inteligência além de, aparentemente, nos deixar mais próximos dos deuses, acima do bem e do mal? A ineligência não me deu emprego até hoje. Ela não me proporcionou momentos de prazer com as pessoas, porque eu julgava de mais e me doava de menos. E como tudo na vida chega no momento oportuno, eu diria que o Simão está me ajudando a ser o que se é, sem pensar demais. Se eu conseguir reaprender a viver a naturalidade do bicho, observando a sua vida - como fez Darwin ao pesquisar a origem das emoções nos animais -, estarei mais feliz. Nunca se é mais feliz! O mundo é, por natureza, burro. Tenho pena do animal, pois é pejorativo pra ele e para quem está sendo taxado por tal nome. Então se a "burrice" (ou o que quer que seja o nome... alienação, divagação, descomprometimento...) é o meio de tornar as coisas práticas, de fazer acontecê-las (sem pensar no juízo de valor de outrem), eu quero é ser burro. Tentei demais a minha vida toda. Quero é xingar, como faz o Simão, que vê todo mundo com cara de bicho. Mééééé!

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